Até quinta, pessoal!
Ps – Divirtam-se sem moderação, mas com juízo! Beijos.
Até quinta, pessoal!
Ps – Divirtam-se sem moderação, mas com juízo! Beijos.
* é o “interrogatório” no processo de adolescentes infratores
– Seu nome completo, por favor…
– N… M…
– Quantos anos você tem?
– 14
– Bem, N… Você está sendo processada pelo Ministério Público porque no dia 12 de fevereiro desse ano, no interior de um ônibus interestadual São Paulo – Rio, às 2:00h, você portava, livre e conscientemente, para fins de tráfico, 1,980 kg de cloridrato de cocaína. A polícia federal, em uma blitz, interceptou o ônibus e logrou êxito em encontrar a referida droga em sua mochila. Isso é verdade, N…?
– Sim.
– Então, por favor, me conte como tudo ocorreu.
– Err… tá bom… uns dias antes eu fui comprar roupa lá no centro.
– Em São Paulo? Capital?
– Isso… eu moro em São Paulo. Estava vendo vitrine quando um cara chegou perto e perguntou se podia me conhecer. Eu disse que podia. E a gente começou a conversar. Daí, a gente marcou pra se encontrar dois dias depois.
– No mesmo lugar?
– Sim, no mesmo lugar. Bom… então, eu fui me encontrar com ele e a gente ficou conversando. Aí ele me perguntou se eu tinha coragem de levar droga pro Rio de Janeiro e eu falei que tinha sim. Nós combinamos de nos encontrarmos na tarde seguinte pra ele me dar a droga e a passagem pro Rio.
– E ele ia pagar alguma coisa pra você fazer isso?
– Sim. Ele prometeu R$ 350,00.
– Tá… continue.
– Bom… no dia seguinte ele me deu a droga e a passagem. A viagem seria às 22:00h. Fui pra minha casa e falei pra mulher onde eu moro que ia dormir na casa de uma amiga.
– Você não mora com seus pais?
– Não. Há um ano eu moro com a Marta. Ela precisa trabalhar, então eu moro com ela pra ficar olhando as filhas dela.
– É um emprego? Ela te paga salário?
– Ela me paga R$ 100,00.
– Continue…
– Fui pra rodoviária e peguei o ônibus pro Rio. Aí, no caminho, já quase chegando, a polícia parou o ônibus e veio direto em mim. Eles acharam a droga e me prenderam.
– Certo… você ia entregar essa droga para quem?
– Não sei… o carinha lá de São Paulo me disse que, quando eu chegasse na rodoviária do Rio, alguém telefonaria pro meu celular e combinaria o encontro, pra pegar a droga e me pagar.
– Sei, sei… você estuda N…?
– Não. Parei tem uns dois anos.
– Usa drogas?
– Já usei maconha e cocaína, mas tem dois meses que parei.
– Alguém de sua família já veio te visitar aqui na unidade de internação?
– Não… falei com minha mãe, mas ela disse que não tem dinheiro pra vir.
– Sua mãe trabalha no que?
– Ela entrega panfleto na rua.
– E seu pai?
– Não sei… não vejo ele tem muito tempo.
– Tem advogado?
– Não…
– Você será defendida pelo Dr. Defensor Público, tudo bem?
– Tá…
– Então, está certo. Vamos marcar outro dia de audiência para ouvir as testemunhas.